sábado, 20 de dezembro de 2008

Reza a História...

Reza a história que por altura dos finados a tradição mandava que, a forma de rezar a todos quantos haviam partido deste mundo consistia em colocar um eça (caixão) junto do altar da igreja, e que a este se rezassem orações pois, acreditava-se que lá dentro estavam todas as almas finadas. Quem ouve este relato fica com ideia de que naquela altura as coisas religiosas pesavam muito nas populações destas ilhas. Assim era e conta quem presenciou este episódio que era um momento muito triste e que só se viam rostos molhados de choro. Era realmente uma forma estranha que a igreja tinha de impor respeito. Tal coisa é de todo improvável nos nossos dias pois as coisas mudaram de uma forma que não só estas tradições caíram em desuso mas, acima de tudo implica que o respeito já não tem um valor tão importante para as pessoas como tinha antigamente.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sobre o amor

“ (...) Disse-lhe que o amor era um sentimento contra natura, que condenava desconhecidos a uma dependência aviltante e doentia, tanto mais efémera quanto mais intensa. (...) “
in MARQUEZ, Gabriel Garcia, Do Amor e outros Demónios, Publicações Dom Quixote,Lda, 1998,Pág. 177

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Maré baixa

“(...) perdera a fé aos vinte anos no meio do fragor de um combate. «Foi a certeza fulminante de que Deus deixara de existir». Aterrado, entregou-se a uma vida de oração e penitência.
- Até que Deus se apiedou de mim e me indicou o caminho da vocação-concluiu.-O essencial não é que tu creias mas sim que Deus continue a crer em ti. E disso não há dúvida, pois foi Ele, na sua infinita diligência, que nos iluminou para te oferecermos este alívio. (...)"
in MARQUEZ, Gabriel Garcia, Do amor e outros Demónios, Publicações Dom Quixote,Lda, 1998,Pág. 71

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O saber não ocupa espaço

Uma aventura na furada

Quem se mete por atalhos, mete-se em trabalhos!

Espelho do "EU"

“ (...) Não sou daqueles que dizem que as suas acções se lhes não assemelham. E preciso que elas se pareçam comigo, porque são a minha única medida e o único meio de me desenhar na memória dos homens ou mesmo da minha própria , pois que a impossibilidade de continuar a exprimir-se e a modificar-se pela acção constitui talvez a diferença entre o estado de morto e o de vivente.
Mas entre mim e esses actos de que sou feito existe um hiato indefinível. E a prova é que sinto constantemente a necessidade de os pesar, de os explicar, de dar conta deles a mim mesmo. Alguns trabalhos que duram pouco são certamente desprezíveis, mas ocupações que se prolongam durante toda a vida não têm maior significado.
(...) a soma das minhas veleidades, dos meu desejos, dos meus próprios projectos mantém-se tão nebulosa e tão fugidia como um fantasma. O resto, a parte palpável, mais ou menos autenticada pelos factos, é pouco mais distinta, e a sequência dos acontecimentos tão confusa como a dos sonhos. Tenho a minha cronologia muito minha, (...) ; há pessoas com quem convivi toda a minha vida e que não reconhecerei nos infernos.
(...) Umas vezes a minha vida parece-me vulgar a ponto de não valer a pena não só escrevê-la mas contemplá-la um tanto longamente, sem mais importância, mesmo a meus olhos, que a de outra pessoa qualquer. Outras vezes parece-me única, e por isso mesmo sem valor, inútil por ser impossível reduzi-la à experiência do comum dos homens. (...) “
in YOURCENAR, Marguerite, Memórias de Adriano, Ulisseia,, Pág. 27