sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O Povo Açoriano

Este povo dos Açores
-As nove ilhas dos amores!
Foi Deus que assim o fez;
Um povo de sonhadores
-A sonhar se esquecem dores!
O povo mais português.

Povo simples, franco e rude,
-Nada é bom como a saúde!
De alma sã e corpo são,
Que, na escola da virtude,
Não há quem assim estude!
Pensa com o coração...

Tem por mestra a Natureza,
-Que é a mestra que mais preza!
Por livros... o céu e o mar,
Onde, em lições de clareza,
-À luz do Sol sempre acesa!
Aprende a sentir e a amar.

Ama a eterna poesia
-Como é belo o que Deus cria!
Das coisas, do amor, do bem...
E sente a melancolia
-Que mística nostalgia!
Das saudades do Além...

O seu olhar é tristonho,
-Antes triste que bisonho!
Tem um vago não sei quê...
Parece que anda, num sonho,
-Se há um mundo mais risonho!
A ver o que outro não vê...

Sua vida é calma e santa,
-A vida que assaz me encanta!
Vida que também vivi;
Na ventura ri e canta,
É isto o que mais me espanta!
Na desgraça canta e ri...
É na guerra o mais guerreiro,
-Bem o sabe o mundo inteiro!
O mais dócil é na paz,
Nas fadigas... prazenteiro,
-Quem trabalha tem dinheiro,
Nas aventuras... audaz!

Em sua alma, clara e linda,
-Como uma alvorada infinda!
Sem sombras, nem maldições,
Não entrou a peste ainda
-Peste maldita e malvinda!
Das modernas seduções...

Tem génios de um brilho vero
-A quem adoro e venero!
Artistas, sábios, heróis...
Tem poetas como Antero,
O poeta a quem mais quero!
E tem um Bento de Góis.

São simples as suas festas ,
-Nas aldeias mais modestas!
Ingénuas festas cristãs;
Suas danças são honestas,
-Quase virgens, graves, mestas!
Como de irmãos com irmãs...

Ter umas jeiras de terra,
-Junto à praia ou junto à serra!
Ter uma esposa leal:
...Eis o desejo que encerra
-Que vezes ele não erra!
O seu mais rico ideal...

Para as labutas do dia,
-A cantar com alegria!
Levanta-se ao arrebol:
Cava, monda, colhe, cria...
Já quando o suor lhe esfria!
Só descansa ao pôr do Sol.



As suas faces são ninhos,
-Onde poisam estorninhos!
Cheias de ar e luz e cor...
Onde há pão, lume e carinhos,
-Crianças são passarinhos!
Sagrados ninhos de amor...

Só tem doenças, lutos,
-Os ódios da sorte brutos!
Secas, ventos... nada mais;
Reza às plantas, benze os frutos,
-Que sorridentes minutos!
E fala aos seus animais...

Crê em Deus e na amizade,
-Ó santa simplicidade!
Preza a honra, cumpre a Lei,
Defende sempre verdade,
-Que instinto de liberdade!
O direito, a Pátria e a grei...

E, embora longe do Mundo,
-Que humilde viver jucundo!
Nestas ilhas tão gentis...
Entre as ondas do mar profundo!
Ó mar vasto, ó mar profundo!
Vive em paz... ledo e feliz!


in AMARAL, Manuel Augusto de, Antologia Poética, Edição Comemorativa do Instituto Cultural de Ponta Delgada, Pág. 297

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Sobre a Democracia

Democracia, a palavra que nos pertence e que tanto mal nos faz. É uma visão obscura e sem futura que a Democracia nos dá nos dias que correm. O presente promete um futuro incerto e longe dos ideais básicos da nossa suposta Democracia.
Como todos sabemos a Democracia, supostamente, deveria estar assente na população que, todos os dias trabalha e dá o seu melhor para que o país evolua e esteja preparado para enfrentar as constantes alterações mundiais. Infelizmente a realidade é bem diferente. Interessa mais salvaguardar os interesses privados dos grandes grupos económicos em detrimento dos interesses das populações. É incompreensível o estado a que a governação em Portugal chegou.
Todos os dias somos bombardeados com a notícia de que mais uma fábrica vai, ou já fechou, largando milhares de pessoas no desemprego com casa para pagar, estudos dos filhos para pagar e uma enormidade de juros para pagar aos bancos que, sem dó nem piedade, cobram e amontoam mais rios de dinheiros aos seus grandes lagos. O governo pactua com esta realidade e é pena que assim seja. É pena que não haja quem tenha a coragem de implementar estes ideais que nos guiam no dia-a-dia.
Ainda recentemente saiu a notícia de que o preço a pagar aos produtores de leite Açorianos irá baixar. Pergunto-me se não estará a haver uma tentativa de “linchamento” da profissão de lavrador que, diga-se de passagem, é como todas a outras tão importante pois senão fosse esta, não haveria o leite que muitos tomam no pequeno almoço. Sendo o leite da região um produto de extrema qualidade devido à alimentação natural das nossas pastagens, não se percebe como pode haver a vontade de neutralizar a produção de um bem, que vale pela sua diferença e que, sendo bem promovido lá fora, pode inevitavelmente ser fonte de lucro para a região. Penso que é hora de parar para pensar se não estaremos a seguir-nos por ideais sócio-económicos e padrões de política que já deram provas de estar errados.

Sobre o Estatuto dos Açores

Não entendo este braço de ferro institucional que se instalou na “terra mãe” no qual os AÇORES, e escrevo em letra maiúscula para realçar a grandeza deste povo destas ilhas que, à custa de muitas dificuldades sempre sobreviveu e sobreviverá sem se deixar abater.
Segundo o nosso Presidente da República os ideais democráticos sobre os quais nos regemos foram destruídos desde que a proposta para alteração ao estatuto da Região Autónoma dos Açores foi aprovado em Assembleia da República. Segundo este, com o novo estatuto, as suas funções ficam em risco pois para que o parlamento Açoriano possa ser, em caso de extrema necessidade distituído, para além das vozes que tomam partido nessa decisão terá também o Governo Regional que dar o seu parecer na matéria. Posso dizer que sou leigo na matéria em questões de legislação mas, como qualquer bom cidadão posso deduzir e até mesmo questionar se esta questão não terá sido colocada em praça pública por forma a que, quem detém o poder possa esconder acções legislativas com cariz urgente que visam proteger os grandes grupos económicos que, “governam o país”.
Ainda recentemente foram alteradas leis que visam apoiar financeiramente grandes grupos económicos que gerem, ou pelo menos deviam saber gerir as nossas economias mas, que em vez disso, vieram apenas piorar a situação económica do país. A estes grupos “a vida é facilitada” enquanto que ao cidadão comum, e neste caso concretamente, ao AÇORIANO que é muitas vezes privado do bem estar devido à sua condição geográfica, é dificultada a vida para se poder melhor governar. Ao fim ao cabo se pararmos para pensar sobre a questão, o que aqui está em causa é “ dar um pouco mais de trabalho” ao Presidente da República em ouvir um órgão governamental de extrema importância como o Governo Regional que, este sim, zela pelos nossos interesses quando a isso é chamado.
Diz o Presidente que a democracia foi gravemente ferida com a criação desta lei mas pergunto-me se não é também ferida a lei quando são dados apoios a estes grupos que pouco fazem senão “esbanjar” o nosso dinheiro e depois virem bater à porta do governo a pedir ajuda, sempre com apoio da lei do sigilo bancário que nada mais faz que não seja encobrir uma má gestão por parte destes grupos económicos.

O Presépio de Natal