segunda-feira, 11 de maio de 2009

NASCI

Silêncio! Manhã submersa na bruma,
O mar repousa, a luz abre-se.
Peixes nadam num vazio imenso.
Subitamente, bolhas!

Quebra-se o silêncio.
CaBum! CaBum! Convulsão emerge.
Três bocas cantam,
Som estridente, melodia diabólica.

Fogo, (grita o peixe) fujam!
E todos se afastam.
Que é!? Que é!?
É a mãe terra que vai dar à luz!

Do fundo me ergui lentamente.
Vi a luz do dia e chorei lágrimas,
Vi o céu, vi o mar.
Beleza rara, PAZ alcançada.

Com o tempo, cresci triste.
Ao longe, minha irmã me fala.
Vejo-a do outro lado, calma e serena.
Atenção! (diz-me ela) Águas se agitam!

Ao longe, barca.
Quem vem lá!? Quem se atreve a cá vir!?
Somos Portugueses! Aqui vimos estabelecer.
Por vontade do PAI e D'el Rei de Portugal.

Se é esta a vossa vontade... seja!
Notai senhores!
Outros vieram, outros partiram.
Vosso destino está traçado.

Mil vezes tremi,
Mil mais tremerei.
Em mim, gente,
Festa, angustia e dor.

Do nada me fiz,
E do nada sou.
Miguel! S. Miguel sou eu.
De entre nove, pedaço maior.

Verde que se esconde,
Basalto vivo.
Grito que chama,
E que nada responde.

Miguel Teixeira de Andrade

Sem comentários: